terça-feira, 19 de junho de 2012

E Como Eles Fazem, Hein?!


É a pergunta que todo interessado em literatura um dia deve ter feito. Como acontece a magia de vir a história maravilhosa, os personagens bem criados, as situações empolgantes, as frases que mexem com o nosso ser? Como Escrevo?, coletânea de depoimentos organizada pelo bibliotecário José Domingos de Brito, responde em boa parte essas curiosidades.

O livro traz relatos curtos de 103 escritores, tirados das mais diversas fontes, seguidos de uma breve biografia para situar o leitor. Estão na coletânea Anthony Burgess (que escreveu Laranja Mecânica, inspirador do filme), Clarice Lispector (que fez do seu “como escrevo” uma bela prosa lírica), Dalton Trevisan, Graciliano Ramos (e seu trabalho de “lavadeira de Alagoas”), Carlos Heitor Cony, Philip Roth, Moacir Scliar, entre outros. Textos introdutórios do próprio Scliar, de Ignácio de Loyola Brandão e do organizador dão um toque especial e despertam a curiosidade.

Como de se esperar, alguns relatos até são próximos, mas nunca iguais. Tem escritor que anota ideias, tem quem não anote; o que acredita ser desagradável começar um livro; tem o que pensa a palavra como algo que “não foi feito para enfeitar, brilhar como outro falso; a palavra foi feita para dizer”; o que não faz rascunhos e não revisa; o que escreve à mão e depois datilografa – e nem chega perto do computador; o que já escreveu dois livros num navio; e por aí vai.

E, como de se esperar, o livro não tem a pretensão de ser um “guia para escrever” ou “práticas para se imitar”, e nem o leitor deve encará-lo assim. São pitadas, temperos, curiodisses que deixam a leitura ainda mais saborosa. É metalinguagem ajudando a abrir portas na literatura.

 
Título: Como Escrevo?
Autor: José Domingos de Brito (org.)
Editora: Novera
Páginas: 232
Preço médio: R$ 39

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