É a pergunta que todo
interessado em literatura um dia deve ter feito. Como acontece a
magia de vir a história maravilhosa, os personagens bem criados, as
situações empolgantes, as frases que mexem com o nosso ser? Como
Escrevo?, coletânea de depoimentos organizada pelo bibliotecário
José Domingos de Brito, responde em boa parte essas curiosidades.
O livro traz relatos curtos de
103 escritores, tirados das mais diversas fontes, seguidos de uma
breve biografia para situar o leitor. Estão na coletânea Anthony
Burgess (que escreveu Laranja Mecânica, inspirador do filme),
Clarice Lispector (que fez do seu “como escrevo” uma bela prosa
lírica), Dalton Trevisan, Graciliano Ramos (e seu trabalho de
“lavadeira de Alagoas”), Carlos Heitor Cony, Philip Roth, Moacir
Scliar, entre outros. Textos introdutórios do próprio Scliar, de
Ignácio de Loyola Brandão e do organizador dão um toque especial e
despertam a curiosidade.
Como de se esperar, alguns
relatos até são próximos, mas nunca iguais. Tem escritor que anota
ideias, tem quem não anote; o que acredita ser desagradável começar
um livro; tem o que pensa a palavra como algo que “não foi feito
para enfeitar, brilhar como outro falso; a palavra foi feita para
dizer”; o que não faz rascunhos e não revisa; o que escreve à
mão e depois datilografa – e nem chega perto do computador; o que
já escreveu dois livros num navio; e por aí vai.
E, como de se esperar, o livro
não tem a pretensão de ser um “guia para escrever” ou “práticas
para se imitar”, e nem o leitor deve encará-lo assim. São
pitadas, temperos, curiodisses que deixam a leitura ainda mais
saborosa. É metalinguagem ajudando a abrir portas na literatura.
Título: Como Escrevo?
Autor: José Domingos de Brito
(org.)
Editora: Novera
Páginas: 232
Preço médio: R$ 39
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