sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Carta De Um Corintiano

Poema escrito pelo caro colega Vinícius Bacelar em homenagem ao mais apaixonante e apaixonado time de futebol do mundo - acabamos caindo em 2007, mas nos levantamos de novo... E vai Timão!!!


Carta de um Corintiano

Por Vinícius Bacelar

Desde 1910
Nosso destino
Era evidente
Bataglia era
O sobrenome
Do primeiro presidente
Tivemos nosso
primeiro ídolo
O saudoso Neco,
Comemoramos muito
os 254 gols do Teleco.
Por ali muitos passaram,
Para a nossa vida alegrar
Servilio, Baltazar,
Luizinho Polegar
Em 1954
ano extraordinário
ganhamos em cima do Palmeiras
o quarto centenário.
Vimos o crescimento
De um nobre menino
Seu nome:
Roberto Rivelino
Que mesmo sem ter
Ganhado um título
Muitos o consideram
Como um dos
mais ilustres filhos
com belos gols,
jogadas de brilho.
Em 1976
Invadimos o Maracanã
Do Brasileirão passamos perto
Que só veio em 1990 com o Neto.
Em 1977
bem que podia ser no Pacaembú,
mas foi em um Morumbi lotado
que quebramos um tabú.
Novos tempos começaram
mas sempre com muita emoção
E com muito sabor
Acompanhamos o Timão
Vimos um Doutor
com muita alegria
Com nome de filosofo nascido
No berço da democracia.
Que no Parque São Jorge
Na década de 80 também nasceu
Bons tempos aqueles, diz alguém que
Naquela época viveu.
Mais três brasileiros, alguns paulistas
Parceiros estrangeiros.
Hoje vivemos dias de desespero
Estamos lutando para não cair
Vamos Corinthians
Não deixem mais
Te chamarem de faz me rir.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Chaparral Sex Music


Um breve panorama a respeito dos sons do nheco nheco pago

Há uma lenda que explica porque o termo “brega” é usado para rotular músicas excessivamente românticas, de fala rasgada e palavreado simples. No Rio de Janeiro dos anos 30, havia uma rua chamada Manuel da Nóbrega, dominada por casas responsáveis pelo divertimento físico masculino adulto – em português claro, bordeis. O tempo fez com que a placa na esquina da rua fosse se desgastando e, sem os cuidados da administração municipal da época – preocupada com a Rio de Janeiro de taradice mais discreta -, dela só restou um pedaço. Nesse pedaço, tudo o que se lia eram as duas últimas sílabas: BREGA. Ninguém se preocupou em arrumá-la, e o lugar ficou conhecido como tal.

De tanto os homens falarem “vamos ao brega”, “fui ao brega ontem e me diverti muito”, “vou fazer minha despedida de solteiro no brega”, o tipo de música que embalava os pegas dos casais temporários adotou o título. E não tinha vitrola nem gravador: todo brega que se prezasse tinha sua banda. Grandes nomes da música popular brasileira desvirginaram suas carreiras nessas casas – só para citar um: Pixinguinha.

Mas hoje, oito décadas depois, os bregas já não são mais os mesmos. Não ficam mais em zonas (opa!) específicas, apesar de estas ainda existirem (a Rua Augusta está aí para comprovar). Em alguns bairros da periferia de São Paulo é possível se encontrar casas do gênero, com suas luzes de neon e nomes exóticos. A música continua sendo um tempero fundamental. Só não é mais tocada por bandas ao vivo - um aparelho de som com gabinete de 3 CDs resolve a parada.

O Chaparral, em funcionamento há 18 anos, é o representante do gênero na região da avenida Aricanduva com a avenida Itaquera. Os seus concorrentes mais diretos – o Dunnas e o Sereia – fecharam há algum tempo, e o Manhattan, caçula da área, ainda não pegou no breu. Mesmo com a escassa concorrência, a casa não relaxa no trato com os clientes. Tem uísque de todo tipo – do mais fuleiro até um bom 16 anos, que custa 27 reais a dose. Assim é com as moças. Cada uma coloca o preço, dependendo de seu porte físico e da aparência do cliente. Homens com roupas de marcas custosas – isso tem também na Zona Leste, viu?! - pagam mais caro, essa é a regra. O que eles bebem é uma boa dica: o que chama o drinque de 27 reais, de certo, tem mais dinheiro do que o cliente que pede cerveja barata (o que dá uma boa dica aos murrinhas mãos de vaca).

Ah, e tem a música. Ela é tocada o tempo todo. Cinco segundos é o máximo permitido sem um som – bom, o que o camarada pode fazer enquanto está com um drinque na mão e escolhe a garota com quem vai ficar? A música também é fundamental para desinibir aqueles que, ao chegarem na casa e se verem rodeados de mulheres com vestidos curtos cheias de amor para dar (ou alugar?), ficam retraídos.

Escravos do amor

Antônio, responsável pelo bar e pela discoteca (“não coloca o sobrenome, por favor”, ele pede), diz o critério para se escolher a trilha sonora que vai tocar. “Deve ser dançante, nada de som paradão. As meninas têm que mostrar toda sensualidade. Elas têm que entrar no clima da música e atrair os caras, se não o homem não se interessa”.

No último sábado do mês é feita uma festa temática na casa. Este é o mês da Festa do Samba, “uma das que mais lotam”, afirma Antônio. Aí não tem jeito. O estilo que vai tocar é um só. Nos dias convencionais, o DJ improvisado presta atenção na empolgação que rola na pista que fica no meio do espaço de 715m2 ocupados pelo Chaparral, contando os quartos. Esse ambiente é essencial. Se o cliente não sentir o clima de sexualidade, ele não pega ninguém.

Três das meninas - Andréia, Catarina e Solange (sempre codinomes, nada de nome de batismo nessa profissão) - citam dois dos clássicos obrigatórios desse e de qualquer outro bordel: “Slave To Love”, de Brian Ferry, e “Careless Whisper”, do Wham!, banda que revelou George Michael. Catarina diz que são “batata. É só colocar que e a homarada fica acesa. Além disso, são uma delícia pra dançar”. As colegas concordam. As três já trabalharam em outros bordeis e o sucesso é o mesmo. Mas, ué, música paradona não estava proibido?! “Ah, mas um pouco de romantismo nunca faz mal...”. Ah, tá!!!

“Slave To Love” (em português, Escravo do Amor), é romântica, com um passo marcante de baixo e um fundo de teclados. O refrão nada mais é do que Brian e backing vocals repetindo o título da música 3 vezes. A letra é simples, já que o importante é transmitir a mensagem do amor: “Agora a primavera está virando seu rosto na direção do meu / Posso ouvir o seu riso / Posso ouvir o seu sorriso / Escravo do amor / Não posso escapar, sou escravo do amor”.


Antônio se lembra de uma história interessante em se tratando de música. Quando os Mamonas Assassinas morreram, em 2 de março de 1996, eles resolveram fazer uma homenagem. No fim de semana seguinte ao acidente que matou os 5 integrantes da banda, o Chaparral colocou para tocar, durante a noite inteira, todas as músicas do grupo. Foi um sucesso. Todo mundo que estava na casa cantou em voz alta todas as canções. Distraídos com as letras de humor sagaz, ninguém quis saber de sexo. Foi o dia com menor movimento nos quartos. Em compensação, nunca se bebeu tanto e nunca se pulou tanto naquele salão. E nunca mais se fez homenagem semelhante...